Ambiente virtual 3D para o ensino de vacinação

Projeto: Desenvolvimento de artefatos tecnológicos para capacitação dos profissionais atuantes nas salas de vacinação

Pesquisa realizada por Daniel Bueno Domingueti como parte de seus estudos no Mestrado em Ciência da Computação do Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação (PPGCC).

Por meio de novas tecnologias digitais estão sendo promovidas inovações diruptivas de forma ampla na sociedade. Através dela, foram estabelecidas ferramentas e um meio próprio – a internet – que possibilita atualmente diversas instituições – públicas e privadas – a propagar conhecimento e aprimorar práticas educacionais. Até mesmo construções como jogos digitais, realidade virtual e simulações, voltados principalmente para o entretenimento, já estão sendo aplicados como ferramentas educacionais.

Tais ferramentas, se apropriadas adequadamente, podem contribuir sobremaneira para o aprendizado em diversas áreas do conhecimento – como na matemática, na ciência, entre outros. É possível listar até mesmo o uso de simulações, que têm como objetivo replicar algum processo ou evento do mundo real para realizar um treinamento sobre uma situação que é complexa de se reproduzir na vida real – como em uma situação de emergência, ou que envolva muitas variáveis, por exemplo.

Na sala de vacina por exemplo, a equipe de enfermagem é formada por um enfermeiro e um técnico ou auxiliar de enfermagem. A equipe é responsável por realizar todas as atividades do processo de vacinação, sendo que o enfermeiro também é responsável pela supervisão da sala de vacina e pelo processo de educação permanente – ou capacitação – da equipe (TRANSMISSÍVEIS, 2014). No dia a dia da equipe, ainda são encontradas situações com diversos cartões de vacina diferentes – referentes a um determinado calendário de vacinação passado – e usuários com vacinas em atraso e condições de saúde adversas, o que dificulta a definição de qual vacina aplicar corretamente.

A quantidade de atividades designadas ao enfermeiro, somada à constante mudança do saber da sala de vacina e as situações ímpares que lidam no dia a dia traz a tona a importância de uma estratégia para auxiliar na educação permanente dos enfermeiros (OLIVEIRA, 2016; MARTINS, 2018). No entanto, a educação ocorre principalmente quando um profissional ingressa no serviço e repetida poucas vezes no futuro – com o principal intuito de informar sobre as atualizações do calendário vacinal. Essa deficiência pode levar a erros que comprometem todo o processo de cuidar da sala de vacinação, a confiança no programa de imunizações além de eventos adversos de vacinação (MARTINS, 2018).

Nosso trabalho tem como objetivo a construção de artefatos que auxiliem na educação continuada de enfermeiros da rede pública de saúde. Mais especificamente, propomos a criação de uma simulação em que o aprendiz controla o avatar de um enfermeiro no ambiente tridimensional e deve interagir com o ambiente e realizar todo o procedimento de vacinação de um usuário (representado na Figura 1). O ambiente foi construído no motor de jogo Unity (www.unity.com) para computadores pessoais que utilizem os sistemas operacionais Windows ou Linux.


Figura 1 - Sala de vacina virtual criada com base nas especificações atuais do Ministério da Saúde.


Figura 2 - Como se locomover e interagir com o avatar e os objetos na sala virtual.

Na simulação, o aprendiz interage com teclado e mouse (movimentando o personagem e selecionando os objetos ou botões) – Figura 2 – a fim de cumprir os objetivos propostos, e tem um retorno sonoro informando se a ação foi correta ou não. Além da simulação, também foi feita a elaboração de um sistema auxiliar para o instrutor (Figuras 3 e 4), onde é possível gerar diferentes cenários para a simulação (variando cartões de vacina, vacinas aplicadas, e características do paciente, como idade e condições de saúde) e visualizar o relatório final que pode ser gerado por um aprendiz ao final do ciclo da simulação.

Utilizamos a metodologia Design Science Research como metodologia norteadora de pesquisa, e propomos uma avaliação com professores e estudantes do curso de enfermagem da UFSJ para avaliar a consolidação do ambiente (CAAE 30545820.2.0000.5151). A pesquisa está atualmente em andamento.



Figura 3 - Tela inicial do ambiente auxiliar. É possível criar, editar e excluir os cenários de aplicação e também ver os relatórios gerados pelos aprendizes.


Figura 4 - Algumas das opções para criar um cenário para ser utilizado na simulação.

Referências

MARTINS, J. R. T.; ALEXANDRE, P.; GABRIELLY, B.; OLIVEIRA, V. Conceição de; VIEGAS, S. M. da F. Educação permanente em sala de vacina: qual a realidade? Revista Brasileira de Enfermagem, v. 71, 2018.

OLIVEIRA, V. C. d.; RENNÓ, H. M. S.; SANTOS, Y. R. d.; RABELO, A. F. G.; GALLARDO, M. D. P. S.; PINTO, I. C. Educação para o trabalho em sala de vacina: percepção dos profissionais de enfermagem. RECOM-Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro, v. 6, n. 3, p. 2131–2141, 2016.

TRANSMISSÍVEIS, M. da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das D. Manual de normas e procedimentos para vacinação. [S.l.]: Ministério da Saúde Brasília, 2014.

Apresentação da dissertação no dia 8 de julho de 2021.